LÁGRIMAS OCULTAS

lagrima



Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Tomo a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca

Comentários

Viviana disse…
Olá, Ângela


Ah! mas que tocante este belo soneto da grande Florbela!

Sempre que penso nela, na sua vida e na sua obra, e revejo o seu simples túmulo no cemitério de Matosinhos - Terra do meu marido - não posso deixar de me emocionar.

Que pena "ter partido" tão cedo...

Obrigado por ter partilhado este soneto connosco, aqui.

Um grande abraço
viviana

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