SINTO VERGONHA DE MIM.
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Sinto vergonha de mim
por ter sido educador
de parte desse povo,
por ter batalhado
sempre pela justiça,
por compactuar com a
honestidade,
por primar pela
verdade
e por ver este povo
já chamado varonil
enveredar pelo
caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim
por ter feito parte
de uma era
que lutou pela
democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar
aos meus filhos,
simples e
abominavelmente,
a derrota das
virtudes pelos vícios,
a ausência da
sensatez
no julgamento da
verdade,
a negligência com a
família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada
preocupação
com o "eu"
feliz a qualquer custo,
buscando a tal
"felicidade"
em caminhos eivados
de desrespeito
para com o seu
próximo.
Tenho vergonha de mim
pela passividade em
ouvir,
sem despejar meu
verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e
vaidade,
a tanta falta de
humildade
para reconhecer um
erro cometido,
a tantos
"floreios" para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga
posição
de sempre
"contestar",
voltar atrás
e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um
povo que não reconheço,
enveredando por
caminhos
que não quero
percorrer...
Tenho vergonha da
minha impotência,
da minha falta de
garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde
ir
pois amo este meu
chão,
vibro ao ouvir meu
Hino
e jamais usei a minha
Bandeira
para enxugar o meu
suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa
manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha
de mim,
tenho tanta pena de
ti,
povo brasileiro!
***
"De tanto ver
triunfar as nulidades,
de tanto ver
prosperar a desonra,
de tanto ver crescer
a injustiça,
de tanto ver
agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a
desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser
honesto".
Cleide Canton
*Esse texto além de excelente é oportuno pois retrata
exatamente a triste realidade que vivemos...
TRISTE REALIDADE!
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